A matemática e a geometria têm dimensões sagradas, o texto a seguir estimula uma visão geométrica da vida. A partir de uma percepção da unidade de cada indivíduo com o planeta Terra, mostra a relação direta inevitável que há entre três fatores:
A obtenção de um verdadeiro autoconhecimento;
O desenvolvimento de uma visão planetária e impessoal da vida;
O cumprimento individual do dever ético.
O texto é um guia para meditação, e estádiretamente ligado às primeiras páginas do Proêmio da obra “A Doutrina Secreta”, de Helena P. Blavatsky.
“O Centro Interno de Equilíbrio” foi publicado pela primeira vez, sem nome de autor, na revista “Theosophy”, de Los Angeles, em maio de 1922, p. 221. Uma análise
do seu conteúdo e estilo indica que foi escrito por John Garrigues (1868-1944). Título Original: “A View-Point”.
Exatamente no centro da Terra há um ponto de perfeito equilíbrio. Vacilar a partir dele em qualquer direção provoca uma perda de equilíbrio e coloca em ação forças instáveis. Este é um fato multidimensional.
Cada esfera, desde um átomo até o sistema solar, tem o seu ponto de equilíbrio. É nele que todas as forças têm igual influência e a harmonia reina suprema.
Nele que podemos encontrar o nosso lugar, num plano que não é demasiado elevado, nem demasiado baixo. Este é o ponto que podemos considerar realmente nosso. Ele não é nosso no sentido de posse pessoal, mas no sentido de que nele encontramos o lugar próprio para aquilo que é Supremo.
Uma vez que encontramos o ponto de equilíbrio em nós próprios, reconhecemos que ele está em toda parte, e o vemos como Aquilo sobre o qual todos os mundos se apóiam. Não chegamos ao ponto de equilíbrio indo para um ou outro lugar, mas simplesmente reconhecendo-o.
Quando isso acontece, podemos observar com clareza a ação das forças que fluem do mundo interno para o mundo externo, e do mundo externo para o interno. Os pares de opostos da vida podem ser vistos então como simples linhas de energia, divergentes, vibrantes, espalhando-se desde o centro para a circunferência ilimitada do círculo, e vindo de volta para o centro, passando pela sombra externa que rodeia o eu superior.
Expressões como “uma meta estável”, ou “meditação de uma vida inteira” só fazem sentido quando vemos que uma coisa é agir em qualquer direção a partir deste centro, e outra coisa, muito diferente, é deixar que a consciência siga esta ou aquela linha de força, até que a consciência fique identificada com tempo, lugar e condição. A identificação com o que é agradável ou desagradável, com dor e prazer ou esperança e desânimo, é o resultado desta perda de equilíbrio.
Este lugar não é um “lugar” situado no espaço e no tempo. Quando ele é percebido pelo sentimento e pela compreensão, então nós vemos que o nosso dever mais elevado consiste em esforçar-nos com uma firme determinação para permanecer em paz e em contato com o centro de equilíbrio, sem perturbar-nos por coisa alguma que possa acontecer. Nosso dever consiste em agir desde este centro para equilibrar gradualmente todas as causas e efeitos dentro da nossa esfera de ação. O chamado mito da “música das esferas” não é um mito, mas uma realidade transcendental.
Deste ponto de vista, parece simplesmente absurdo que alguma vez tenhamos desejado cumprir um dever que não era o nosso, ou ocupar o lugar de outra pessoa, por mais agradável que ele pudesse parecer quando comparado com a desarmonia e as limitações que nos rodeiam.
Cada ser humano deve fazer os ajustes adequados dentro da sua própria esfera. Ao fazê-los, ele não trabalha apenas para o seu bem individual, mas para o bem de todos, porque percebe que este centro é o único Centro de tudo o que há.
Inútil arrepender-se, lamentar-se, ter vontade de estar em qualquer outro lugar diferente daquele em que se está. Em algum momento, cada indivíduo deve realizar esta tarefa. Mantendo uma firmeza de sentimentos, podemos erguer-nos e dedicar-nos, com uma decisão inabalável, ao cumprimento do nosso dever.
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