quarta-feira, 16 de julho de 2014

VIA LÁCTEA PODE ABRIGAR MAIS DE 50 BILHÕES DE PLANETAS

 
A sonda Kepler, lançada em março de 2009, é o observatório mais sofisticado do mundo dedicado a estudar planetas alienígenas. Segundo uma atualização dos cientistas sobre as conclusões da espaçonave este mês, nossa galáxia pode ser o lar de 50 bilhões de planetas.
Embora a Kepler não tenha encontrado “muitos” planetas (1.235 candidatos a planetas), o registro cósmico é o melhor palpite dos pesquisadores, estimado a partir de dados preliminares.
O objetivo principal de Kepler não é apenas descobrir planetas individuais, mas construir um retrato de quão comum são esses planetas. Segundo os cientistas, a nave descobriu, de fato, que aproximadamente a cada duas estrelas há um planeta ou candidato a planeta. O número de candidatos por estrela é de cerca de 44%.
Essa aparente abundância de planetas estava longe de ser uma conclusão precipitada quando a missão iniciou. O primeiro planeta extra-solar foi descoberto no início de 1990, e o ritmo das descobertas voltou a aumentar desde então. Mas os astrônomos estão apenas começando a ter uma visão ampla do número destes planetas agora.
A sonda analisa uma grande área de estrelas próximas para procurar sinais de planetas. Embora seja possível identificar candidatos a planetas, a confirmação só vem através de observações de acompanhamento.
E os dados obtidos até agora são encorajadores: dos 1.235 possíveis planetas que Kepler apontou, 54 parecem estar em uma “zona habitável”, ou seja, à distância certa de suas estrelas, onde as temperaturas seriam ideais para a água líquida.
Na Via Láctea como um todo, os pesquisadores prevêem que pelo menos 500 milhões dos 50 bilhões de planetas possíveis residem na zona habitável. Kepler também identificou 68 candidatos a planetas do tamanho da Terra.
Os cientistas acreditam que planetas rochosos como a Terra são as melhores apostas para abrigar vida extraterrestre. Isso e os números abundantes certamente dão esperança para a existência de vida fora da Terra.
No entanto, para encontrar um planeta como verdadeiramente a Terra – ou seja, um planeta do tamanho da Terra na zona habitável em torno de sua estrela – a Kepler terá de procurar por muito mais tempo.


A sonda detecta um possível planeta através da observação do leve obscurecimento da luz de sua estrela quando o planeta passa, ou transita, na frente dela. Para planetas com órbitas de cerca de um ano, como a da Terra, o trânsito poderia ocorrer apenas uma vez por ano, assim Kepler teria de observar essa estrela por pelo menos alguns anos para notar o efeito. 

MEIO MILHÃO DE GALÁXIAS NO UNIVERSO

Uma das imagens do espaço profundo captadas pelo projeto Alhambra


Astrônomos espanhóis acabam de divulgar o mais completo catálogo de galáxias já produzido. São cerca de 500 mil exemplares individualmente estudados, reconstruindo a história do Universo nos últimos 10 bilhões de anos (dos 13,8 bilhões que ele tem). Há de se respeitar o trabalho.

O projeto, chamado Alhambra, é liderado por pesquisadores do Instituto de Astrofísica de Andaluzia e da Universidade de Valência e resulta de sete anos de observações feitas no Observatório de Calar Alto, em Almería, na Espanha. A análise da assinatura de luz emitida por cada um das galáxias permite estimar sua distância. Isso porque todas elas sofrem um fenômeno conhecido como “desvio para o vermelho” (redshift).
 
Não é difícil de entender, se você se lembrar de que a luz branca, quando separada por um prisma, resulta em um arco-íris. Num extremo, temos a cor vermelha. No outro, a cor violeta. Por quê? Bem, quando a luz passa pelo prisma, ele divide a luz de acordo com o seu comprimento de onda. Os mais curtos (e energéticos) vão na direção do violeta, os mais compridos (e menos energéticos) vão na direção do vermelho.

Certo. E o que isso tem a ver com as galáxias? Bem, a luz branca sai delas e chega até nós, mas, dependendo da distância, essa viagem demora bastante. A luz atravessa o espaço a 300 mil km/s, o que resulta em mais ou menos 9,5 trilhões de km por ano. Esta é a medida que chamamos de anos-luz. Se uma galáxia está a 1 bilhão de anos-luz de distância, sabemos que a luz dela levou 1 bilhão de anos para ir de lá até aqui.

Bem, 1 bilhão de anos é um bocado de tempo. Nesse período, o Universo continuou em seu irrefreável processo de expansão, o que quer dizer que o próprio espaço entre nós e a galáxia distante estava crescendo enquanto a luz fazia sua travessia. O esticamento do espaço produz um esticamento da própria onda de luz. Conforme ela se estica, o comprimento de onda aumenta. Ela tende a ficar mais vermelha.

Então, o quanto a luz desviou para o vermelho antes de chegar até nós é uma medida direta da distância que a galáxia está. Esse é o efeito que os pesquisadores do Alhambra usaram para medir quão longe estavam as 500 mil galáxias que eles reuniram em seu catálogo.

SURPRESAS
Os cientistas ressaltam que muitas novidades devem emergir nos próximos meses, conforme os dados resultem em trabalhos científicos. Mas uma coisa que eles já afirmam com seu novo censo de galáxias é que um estudo anterior, batizado de Cosmos, não é representativo da real média de distribuição das galáxias no Universo. O Cosmos usou diversos satélites e telescópios em terra para observar uma pequena área de dois graus no céu. O Alhambra vasculhou uma área bem mais vasta da abóbada celeste, o que permitiu verificar as variações na distribuição das galáxias — em alguns lugares, há grandes concentrações, em outros, imensos vazios.

“Estudar como as galáxias estão distribuídas nos permite saber como as propriedades físicas que controlavam o Universo no passado eram”, afirma Alberto Molino, pesquisador do Instituto de Astrofísica de Andaluzia e um dos membros da equipe. “É como conhecer os lugares e as condições onde as sementes foram plantadas em uma floresta, a partir das árvores que vemos hoje.”

Como cobre uma vasta área, o Alhambra também analisou estrelas individuais da Via Láctea que caíram em seu campo de visão, de forma que resultados de astronomia estelar também podem emergir do estudo eminentemente cosmológico.

hypescience.com

NEBULOSA COM FORMATO IGUAL A DNA

 
Astrônomos usando o telescópio espacial Spitzer observaram uma nebulosa surpreendente que tem o formato de uma hélice dupla, próxima ao centro da Via Láctea. Eles estimam que a nebulosa tenha cerca de 80 anos-luz de comprimento e esteja situada a 300 anos-luz do grande buraco negro que fica no meio da galáxia. A Terra está a mais de 25 mil anos luz desse mesmo buraco. 

A nebulosa em forma de DNA impressionou os astrônomos envolvidos. "Nós nunca vimos nada como isso no domínio cósmico. A maioria das nebulosas são galáxias em espiral cheias de estrelas ou conglomerados amorfos de poeira e gás. O que nós vemos indica um alto grau de ordem", disse Mark Morris, professor de astronomia da UCLA e autor do estudo. "Vemos duas cadeias intercaladas enroladas uma na outra, como numa molécula de DNA", disse Morris. As cadeias da nebulosa podem ter sido torcidas por campos magnéticos no centro da Via Láctea. Esses campos magnéticos são indiretamente produzidos pelo buraco negro que está no centro da galáxia. Mas antes da matéria ser engolida ela escapa pelas bordas do buraco negro, gerando um movimento de rotação. Esse movimento gera os campos magnéticos, que por sua vez, pode ter torcido a nebulosa, afirmou Morris. Morris acredita que todas as galáxias que têm um centro galáctico bastante concentrado também devem ter um forte campo magnético. 

O que exatamente criou a onda de torção ainda é um mistério, mas Morris não acredita que o grande buraco negro no centro da galáxia seja o culpado. Orbitando o buraco negro, a muitos anos-luz de distância, está um disco massivo de gás que Morris levantou a hipótese de estar ancorando as linhas de campo magnético. O disco passa pela órbita do buraco negro aproximadamente uma vez a cada dez mil anos. "Uma vez a cada dez mil anos é exatamente o que precisamos para explicar a torção das linhas de campo magnético que vemos da nebulosa", disse Morris.

Revista Nature & Spitzer Space Telescope

80% DE TODA A LUZ NO UNIVERSO ESTÁ DESAPARECIDA

 
Não sabemos de onde vêm 80% de toda a luz do Universo, de acordo com observações feitas pelo Espectrógrafo de Origens Cósmicas, a bordo do Telescópio Espacial Hubble. Astrônomos estão completamente perplexos: “nós ainda não sabemos ao certo o que é, mas pelo menos uma coisa que pensávamos conhecer sobre o universo atual não é verdade”.

Essas são as fortes palavras de David Weinberg, da Ohio State University (EUA), coautor de um artigo publicado na revista Astrophysical Journal Letters. O espectrógrafo do Hubble detectou que a teia cósmica de hidrogênio, que conecta as galáxias, reagiu à luz ultravioleta de forma inesperada.

Na verdade, ela reagiu a uma quantidade enorme de luz, mas de onde ela veio, e onde ela está?

Quando estes átomos de hidrogênio são atingidos por luz ultravioleta com bastante energia, eles são transformados… em íons eletricamente carregados. Os astrônomos ficaram surpresos quando descobriram muito mais íons de hidrogênio do que poderia ser explicado pela luz ultravioleta conhecida no universo, que vem principalmente de quasares. A diferença é de impressionantes 400%.
Simulação dos filamentos que conectam as galáxias

Os astrofísicos não sabem o que está acontecendo, nem o que causou esses efeitos na teia cósmica de hidrogênio. Eles só sabem que esta descoberta não bate com o que conhecemos sobre o hidrogênio no Universo, nem bate com nossas simulações atuais.
E o mistério fica ainda mais estranho quando você compara resultados no Universo próximo e distante:

Estranhamente, esse descompasso só aparece no cosmos mais próximo e relativamente mais estudado. Quando telescópios se concentram em galáxias a bilhões de anos-luz de distância – mostrando aos astrônomos o que estava acontecendo quando o universo era jovem – tudo parece se encaixar. A luz necessária para ionizar o hidrogênio no início do universo bate com os cálculos de astrofísicos; mas para ionizar o hidrogênio agora, não – e isso tem intrigado os cientistas.

O outro coautor do estudo, Benjamin Oppenheimer – do Centro de Astrofísica da Universidade de Colorado-Boulder (EUA) – diz que nós não sabemos ainda de onde vem a luz extra ionizando o hidrogênio:

Se somarmos as fontes conhecidas de fótons ionizantes de ultravioleta… não encontramos 80% deles, e a pergunta é: de onde eles estão vindo? A possibilidade mais fascinante é que uma nova fonte exótica – em vez de quasares ou galáxias – é responsável pelos fótons desaparecidos.

Uma das possibilidades é que esta matéria exótica seja “a misteriosa matéria escura, que mantém as galáxias juntas, mas nunca foi vista diretamente”. A luz pode ser um produto desta matéria escura se deteriorando ao longo do tempo. [Universidade de Colorado - Boulder]