O Telescópio Espacial Hubble, da agência espacial
norte-americana NASA, fotografou uma estrutura incomum no céu, com 100.000
anos-luz de comprimento, que se assemelha a um colar de pérolas em forma de
saca-rolhas.
A estrutura pode melhorar nosso conhecimento sobre a formação
de superaglomerados estelares, que resultam da fusão de galáxias, bem como da
dinâmica dos gases neste processo.
“Ficamos surpresos ao encontrar esta morfologia deslumbrante.
Já há muito tempo que o fenômeno é visto nos braços de galáxias espirais e em
pontes entre galáxias que interagem. Entretanto, este arranjo em particular
nunca foi visto antes em fusões de galáxias elípticas”, disse Grant Tremblay, do
Observatório Europeu do Sul em Garching, Alemanha.
Superaglomerados de estrelas jovens azuis são uniformemente
espaçados ao longo de uma cadeia através das galáxias, a cada 3.000 anos-luz.
Esses aglomerados de estrelas estão dentro de um par de galáxias elípticas, que
por sua vez estão dentro de um aglomerado de galáxias denso conhecido como SDSS
J1531 3414.
A poderosa gravidade do aglomerado deforma as imagens de
galáxias em listras azuis e arcos, uma ilusão causada por um efeito conhecido
como lente gravitacional.
No início, os astrônomos pensaram que o “colar de pérolas” era
na verdade uma imagem dessas, mas suas recentes observações com o Nordic Optical
Telescope, em Santa Cruz de Tenerife, Espanha, descartaram essa
hipótese.
A equipe de Tremblay descobriu a sequência bizarra de
superaglomerados estelares por acaso, ao rever algumas imagens do Hubble. Os
pesquisadores ficaram surpresos com a natureza única da fonte, que impulsionou a
equipe a fazer observações de acompanhamento.
Os processos físicos subjacentes que dão origem à estrutura do
“colar de pérolas” estão relacionados com a “instabilidade de Jeans”, um
fenômeno físico que ocorre quando a pressão interna de uma nuvem de gás
interestelar não é forte o suficiente para evitar o colapso gravitacional de uma
região preenchida com matéria, resultando na formação de estrelas.
Atualmente, os cientistas estão trabalhando em uma melhor
compreensão da origem dessa cadeia de formação de estrelas.
Uma possibilidade é que o gás molecular frio que alimenta a
explosão de formação de estrelas pode ter sido nativo das duas galáxias em
fusão.
Outra possibilidade é o chamado “fluxo de arrefecimento”, em
que o gás arrefece a partir da atmosfera ultraquente de plasma que circunda as
galáxias, formando piscinas de gás molecular frio que começam a formar
estrelas.
A terceira possibilidade é que o gás frio alimentando a cadeia
de formação de estrelas se origina de uma onda de choque de alta temperatura
criada quando as duas galáxias elípticas gigantes colidem. Esta colisão comprime
o gás e cria uma folha de plasma densa de arrefecimento.
“Seja qual for a origem deste gás de formação de estrelas, o
resultado é incrível. É muito emocionante. Não é possível encontrar uma
explicação mundana para isso”, disse Tremblay.