terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

MOLÉCULA ESSENCIAL À VIDA É ENCONTRADA A 26.000 ANOS-LUZ DA TERRA

Representação esquemática do glicoaldeído, a molécula chave para a existência
da vida, detectada a 26.000 anos-luz da Terra [Univ. College London]

Cientistas detectaram uma molécula de açúcar a 26.000 anos-luz da Terra em uma região de nossa Galáxia onde pode haver planetas habitáveis. Esta molécula orgânica está diretamente ligada à origem da vida.

A descoberta foi feita por um grupo internacional de cientistas por meio do radiotelescópio IRAM, localizado na França. A região onde foram detectados os sinais da molécula de açúcar é um verdadeiro berço de estrelas, com variados processos de formação de novos corpos celestes.

Açúcar da vida
"Esta é uma descoberta importante porque é a primeira vez que um glicoaldeído, um açúcar básico, foi detectado em uma região de formação de estrelas, onde podem existir planetas que podem potencialmente abrigar a vida," explica a Dra. Serena Viti, uma das autoras do artigo que descreve a descoberta.

Moléculas de glicoaldeído somente haviam sido detectadas anteriormente na direção do centro da nossa galáxia, onde as condições são extremas em comparação com o resto da galáxia.

A nova descoberta, em uma área mais "amena", também dá evidências de que a produção dessa molécula chave para a vida pode ser comum ao longo da galáxia.

Busca por vida extraterrestre
A notícia está sendo comemorada por todos os cientistas que trabalham na busca por formas de vida extraterrestres, na medida que uma maior disseminação dessas moléculas aumenta as chances de que elas existam juntamente com outras moléculas essenciais para a vida e em regiões da galáxia onde podem existir planetas semelhantes à Terra.

O glicoaldeído é o mais simples dos monossacarídeos. Ele pode reagir com a substância propenal para formar a ribose, um constituinte fundamental do RNA (ácido ribonucléico), que se acredita ser a molécula central para a origem da vida.

Site Inovação Tecnológica

DESCOBERTO AÇÚCAR EM TORNO DE ESTRELA JOVEM


Astrônomos descobriram moléculas de glicoaldeído - uma forma simples de açúcar - no gás que circunda uma estrela binária jovem, com massa semelhante à do Sol, chamada IRAS 16293-2422. Esta é a primeira vez que açúcar é descoberto no espaço em torno de uma estrela desse tipo.[Imagem: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/L. Calçada (ESO) & NASA/JPL-Caltech/WISE Team]

Açúcar espacial
Usando o telescópio móvel ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) uma equipe de astrônomos descobriu moléculas de açúcar no gás que rodeia uma estrela jovem semelhante ao Sol.

Esta é a primeira vez que açúcar é descoberto no espaço em torno de uma estrela tipo solar.

Segundo a equipe, a descoberta demonstraria que os chamados "blocos constituintes da vida" se encontram no local certo, no momento certo, de modo a serem incluídos em planetas que estejam se formar em torno da estrela.

"No disco de gás e poeira que circunda esta estrela recém-formada encontramos glicoaldeído, uma forma de açúcar simples não muito diferente do açúcar que pomos no café," explica Jes Jorgensen (Instituto Niels Bohr, Dinamarca), o autor principal do artigo científico que descreve estes resultados. "Esta molécula é um dos ingredientes na formação do RNA, que - tal como o DNA, ao qual está ligado - é um dos blocos constituintes da vida."

Glicoaldeídos
Os astrônomos descobriram moléculas de glicoaldeído - uma forma simples de açúcar - no gás que circunda a estrela binária IRAS 16293-2422.

Açúcar é um nome genérico para uma série de pequenos hidratos de carbono, moléculas que contêm carbono, hidrogênio e oxigênio, tipicamente com uma razão atômica hidrogênio:oxigênio de 2:1, como a água.

O glicoaldeído tem a fórmula química C2H4O2. O açúcar utilizado normalmente na comida e bebida é a sacarose, uma molécula maior que o glicoaldeído e outro exemplo desse tipo de compostos.

Glicoaldeídos já tinham sido observados anteriormente no espaço interestelar.

Mas esta é a primeira vez que o composto é descoberto tão perto de uma estrela do tipo solar, a distâncias comparáveis à distância de Urano ao Sol, no Sistema Solar.

Esta descoberta mostra que alguns dos componentes químicos necessários à vida existiam neste sistema na altura da formação planetária.
Impressão artística de moléculas de glicoaldeído, mostrando a estrutura molecular deste composto (C2H4O2). Os átomos de carbono estão representados em cinza, os de oxigênio em vermelho e os de hidrogênio em branco. [Imagem: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/L. Calçada (ESO)]
Vida nas estrelas
"O que é verdadeiramente excitante acerca dos nossos resultados é que as observações do ALMA revelaram que as moléculas de açúcar estão caindo em direção a uma das estrelas do sistema," diz a membro da equipe Cécile Favre (Universidade de Aarhus, Dinamarca). "As moléculas de açúcar não só se encontram no local certo para encontrarem o seu caminho até um planeta, estão também deslocando-se na direção correta."

As nuvens de gás e poeira que colapsam para formar novas estrelas são extremamente frias, e muitos gases solidificam sob a forma de gelo sobre as partículas de poeira, onde vão se juntando para formar moléculas mais complexas - elas encontram-se geralmente a cerca de 10 graus acima do zero absoluto, cerca de -263 graus Celsius.

Mas, assim que uma estrela se forma no meio de uma nuvem de gás e poeira em rotação, esta aquece as regiões internas da nuvem para algo parecido com a temperatura ambiente da Terra, evaporando as moléculas quimicamente complexas e formando gases que emitem uma radiação característica em ondas de rádio, ondas estas que podem ser mapeadas com a ajuda de potentes radiotelescópios, como o ALMA.

Complexidade da vida
A IRAS 16293-2422 situa-se a cerca de 400 anos-luz de distância, relativamente próximo da Terra, o que a torna num excelente alvo para os astrônomos que estudam as moléculas e a química em torno de estrelas jovens.

Usando o poder de uma nova geração de telescópios, tais como o ALMA, os astrônomos têm agora a oportunidade de estudar os detalhes das nuvens de gás e poeira que estão formando sistemas planetários.

A alta sensibilidade do ALMA - mesmo nos comprimentos de onda mais curtos nos quais opera e por isso tecnicamente mais difíceis - foi indispensável nestas observações, que foram executadas com uma rede parcial de antenas durante a fase de verificação científica do observatório - a construção do ALMA só estará completa em 2013, quando as 66 antenas de alta precisão estiverem completamente operacionais.

"A grande questão é: qual a complexidade que estas moléculas podem atingir antes de serem incorporadas em novos planetas? Esta questão pode dizer-nos algo sobre como a vida aparece noutros locais e as observações do ALMA serão vitais para desvendar este mistério," conclui Jes Jorgensen.

ESO

PENITENTES DO DESERTO BLOCOS DE GELO



Não é difícil imaginar os penitentes como uma

assembleia de monges gelados, meditando no deserto.

Babak Tafreshi/ESO

Penitentes.
Blocos de gelo no deserto, voltados para o Sol.
Essa combinação inusitada está documentada em novas imagens divulgadas pelo Observatório Europeu do Sul (ESO).

Esta imagem panorâmica mostra o Planalto do Chajnantor, onde está instalado o telescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array).

O que realmente chama a atenção são os penitentes.
Os penitentes são um curioso fenômeno natural, observados em regiões de altitude elevada - nos Andes chilenos eles se encontram a cerca de 4.000 metros acima do nível do mar.

São finos picos e lâminas de neve dura ou gelo, com cumes afiados apontados em direção ao Sol.

Eles atingem alturas que vão de alguns centímetros, assemelhando-se a relva baixa, até cinco metros, dando a impressão de serem uma floresta de gelo no meio do deserto.

Ciência dos penitentes
Os cientistas ainda não sabem o mecanismo preciso da formação dos penitentes.

Os habitantes dos Andes acreditavam que eles resultassem dos ventos fortes destas montanhas.

No entanto, estes ventos fortes desempenham um papel pequeno na formação destes pináculos gelados.

A melhor aposta dos cientistas é que estas formações resultam da combinação de uma série de fenômenos físicos, que ainda estão por ser pesquisados e desvendados.

Não é o Sol que está brilhando sobre os penitentes, é a Lua isto explica porque o local é tão bom para a instalação de telescópios Babak Tafreshi/ESO

O que se sabe é que o Sol, em vez de atuar contra, ajuda na formação dos penitentes.

Devido às condições extremamente secas do deserto, o gelo sublima em vez de derreter, isto é, passa do estado sólido ao estado gasoso diretamente, sem passar pela fase de água líquida.

Depressões na superfície da neve recolhem e aprisionam a luz solar, levando a uma maior sublimação e depressões ainda mais acentuadas. No seio destas depressões, o aumento da temperatura e da umidade permitem a ocorrência de derretimento. Este feedback positivo acelera o crescimento da estrutura característica dos penitentes.

Monges no deserto
As estátuas geladas foram batizadas com nome dos chapéus pontiagudos dos nazarenos, membros de uma irmandade que participa em procissões de Páscoa por todo o mundo.

De fato, não é difícil imaginá-los como uma assembleia de monges gelados, meditando no deserto.

ESO