Concepção artística das regiões da Via Láctea estudadas pelos astrônomos, com as nuvens de hidrogênio mais abundantes localizadas onde a barra central da galáxia funde-se com um braço espiral. O ponto brilhante, embaixo ao centro, mostra a localização do Sistema Solar
A descoberta de que as nuvens de hidrogênio, encontradas em abundância no interior e acima da nossa Via Láctea, encontram-se em pontos bem específicos, deu aos astrônomos uma pista fundamental sobre a origem dessas nuvens, até agora desconhecida.
Eles estudaram agrupamentos de nuvens de hidrogênio situados a 400 e a 15.000 anos-luz fora do plano em formato de disco da Via Láctea. O disco contém a maioria das estrelas dos gases da galáxia, e é circundado por um halo de gás mais distante do que as nuvens que os astrônomos agora estudaram.
O que torna as nuvens intrigantes é justamente o fato de estarem a meio caminho entre o corpo principal da galáxia e o halo que a envolve.
As nuvens consistem de hidrogênio neutro, com uma massa média equivalente a cerca de 700 sóis. Seus tamanhos variam muito, mas a maioria têm cerca de 200 anos-luz de diâmetro. Os astrônomos estudaram cerca de 650 dessas nuvens nas duas regiões.
Quando os astrônomos compararam as observações das duas regiões, eles viram que uma região continha três vezes mais nuvens de hidrogênio do que a outra. Além disso, as nuvens da região mais densa estão, em média, duas vezes mais distantes do plano da galáxia.
A diferença dramática, acreditam eles, deve-se ao fato de a região com mais nuvens estar próxima da "barra" central da galáxia, onde a barra se funde com um grande braço espiral.
Esta é uma área de intensa formação de estrelas, contendo muitas estrelas jovens cujos ventos fortes podem impulsionar o gás para longe da região.
"Nós concluímos que essas nuvens são formadas por gases que foram ejetados do plano da galáxia por explosões de supernovas e pelos violentos ventos emanados de estrelas jovens em áreas de intensa formação de estrelas," propõe Alyson Ford, da Universidade de Michigan, que chegou a esta conclusão com a colaboração dos seus colegas Felix Lockman e Naomi McLure-Griffiths.
"As propriedades dessas nuvens mostram claramente que elas se originaram como uma parte do disco da Via Láctea, e são um importante componente da nossa Galáxia. Entendê-las é importante para compreender como o material se move entre o disco da galáxia e o seu halo, um processo crítico na evolução das galáxias," disse Lockman.
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