O Brasil terá uma participação fundamental na missão, que vai monitorar o Cinturão de Van Allen, um campo magnético ao redor do planeta. [Imagem: NASA]
Partipação brasileira
Às 05h00 da madrugada desta sexta-feira, a NASA deverá lançar as duas sondas gêmeas da missão RBSP - Radiation Belt Storm Probes, sondas para medição de tempestades nos cinturões de radiação, em tradução livre.
O Brasil terá uma participação fundamental na missão, que vai monitorar o Cinturão de Van Allen, um campo magnético ao redor do planeta, descoberto em 1950.
Os dados obtidos pelas duas sondas também ajudarão a avançar os estudos sobre a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), um fenômeno da ionosfera localizado acima da região Sudeste, capaz de provocar danos aos satélites artificiais.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que mantém parceria com a agência espacial norte-americana em estudos de clima espacial, a partir de novembro será responsável pela aquisição de dados da missão RBSP.
Cinturões de radiação
Para estudar as ondas eletromagnéticas e o cinturão de radiação, composto por duas faixas - uma localizada entre 2.200 e 5.000 quilômetros, e outra entre 13.000 e 55.000 quilômetros da superfície da Terra - as duas sondas da missão RBSP serão posicionadas em uma órbita equatorial, em uma faixa entre 500 quilômetros a até quase 40 mil quilômetros de altitude.
Os Cinturões de Van Allen consistem de partículas movendo-se em alta velocidade, cujo volume varia constantemente. As duas regiões representam uma parte crucial do clima espacial que vigora entre o Sol e a Terra, e em direção aos planetas mais externos.
As sondas da missão RBSP vão ajudar a determinar como as partículas movem-se ao longo dos cinturões, onde elas desaparecem e quais processos são responsáveis por suas energias e velocidades tão elevadas - existem dúzias de teorias competindo por essas explicações.
Influências sobre satélites
Após o período de calibração dos sensores das duas sondas, os dados começarão a ser transmitidos regularmente às estações terrestres, entre elas a do INPE, situada em Alcântara (MA).Durante pelo menos dois anos, cientistas do mundo inteiro terão acesso às informações que permitirão, pela primeira vez, um monitoramento mais completo da AMAS e do fenômeno de precipitação de partículas elétricas que atinge a região.
"Estas sondas possuem sensores e instrumentos muito avançados. A missão permitirá a aquisição de informações mais precisas para monitorar o efeito das partículas elétricas do Cinturão de Van Allen na região da anomalia. Para se ter ideia das consequências do fenômeno, o satélite que passa nessa região precisa ter alguns equipamentos desligados para evitar problemas no seu funcionamento", explica Walter González, pesquisador da Divisão de Geofísica Espacial do INPE.
A Terra está envolta em cinturações de radiação, um localizado entre 2.200 e 5.000 quilômetros, e outro entre 13.000 e 55.000 quilômetros da superfície da Terra. [Imagem: NASA]
Clima espacial
Em setembro, o INPE receberá o líder da missão RBSP, David Sibeck, para discutir resultados de estudos sobre clima espacial e os impactos da AMAS e sua relação com as tempestades geomagnéticas.
Essas tempestades são causadas pela emissão de partículas muito energéticas e campos magnéticos muito intensos, ambos emitidos pelo Sol, que atravessam o meio interplanetário e interagem com o campo geomagnético da Terra.
O INPE mantém o Programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (EMBRACE) para avaliar fenômenos que afetam o meio entre o Sol e a Terra, bem como o espaço em torno da Terra.
Fenômenos solares são capazes de causar interferências em sistemas como o GPS, além da possibilidade de induzir correntes elétricas em transformadores de linhas de transmissão de energia e afetar a proteção de dutos para transporte de óleo e gás.
Esses fenômenos são particularmente mais intensos no ambiente espacial brasileiro, devido à grande extensão territorial do país, distribuída ao norte e ao sul do equador geomagnético, à declinação geomagnética máxima e à presença da Anomalia Magnética do Atlântico Sul.
INPE e NASA
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