O
universo está expandindo, mas a que taxa? O valor, já muito debatido no meio
científico, acabou de ficar ainda mais misterioso: um novo cálculo feito com
dados do telescópio espacial Hubble chegou à conclusão de que a constante é um
número “no meio” do que foi divulgado por estudos anteriores, e a questão
permanece em aberto.
A
equipe de Wendy Freedman, da Universidade de Chicago (EUA), fez a nova medição
da constante de Hubble usando um tipo de estrela conhecido como “gigante
vermelha”.
Utilizando
observações feitas com o próprio Hubble, a nova medição indicou que a taxa de
expansão do universo próximo é de pouco menos do que 70 quilômetros por segundo
por megaparsec (km/seg/Mpc). Um parsec é equivalente a 3,26 anos-luz de
distância.
Essa
medida é somente um pouco menor que o valor de 74 km/seg/Mpc determinado por um
estudo recente da Universidade Johns Hopkins e do Instituto de Ciência do
Telescópio Espacial, que havia utilizado a técnica mais precisa para fazer tal
cálculo até então.
Algumas
pesquisas recentes têm sugerido que o espaço entre as galáxias está se
esticando mais rápido que a teoria prevê. Essa discrepância entre previsões e
observações têm levado os cientistas a reconsiderarem o modelo para a expansão
do universo.
O
universo está expandindo mais rápido do que pensávamos e ninguém sabe a causa
Um
desafio na medição da taxa é que é bastante complicado calcular distâncias
espaciais tão grandes com precisão. Vários estudos conseguiram fazer isso, mas
chegaram a valores diferentes.
Em
2001, a equipe de Freedman chegou ao valor de 72 km/seg/Mpc, usando estrelas
Cefeidas para calcular distâncias. Mais recentemente, cientistas usaram o fundo
de microondas cósmico para fazer o cálculo, e chegaram ao valor de 67,4
km/seg/Mpc, bem distante do valor de 74 km/seg/Mpc medido pelo estudo da
Universidade John Hopkins, que também usou as variáveis Cefeidas.
“Naturalmente,
surgem questões sobre se a discrepância está vindo de algum aspecto que os
astrônomos ainda não entendem sobre as estrelas que estamos medindo, ou se
nosso modelo cosmológico do universo ainda está incompleto”, disse Freedman.
“Ou talvez ambos precisem ser melhorados”.
No
novo estudo, os pesquisadores utilizaram gigantes vermelhas, estrelas que
terminam sua vida muito luminosas, em um estágio de evolução que nosso próprio
sol alcançará daqui a bilhões de anos.
Em
certo ponto, a estrela passa por um evento catastrófico chamado “flash de
hélio” no qual sua temperatura sobe centenas de milhões de graus e sua
estrutura é rearranjada, o que diminui sua luminosidade. Ao medir essa luz, os
astrônomos podem calcular distâncias espaciais com eficácia.
A
constante de Hubble foi medida comparando distâncias em relação a velocidade
que certas galáxias pareciam estar se movendo para longe. O resultado foi um
valor de 69,8 km/seg/Mpc, o que não resolve o mistério – só o complica ainda
mais.
“Nosso
pensamento inicial era que, se há um problema a ser resolvido entre as Cefeidas
e o fundo de microondas cósmico, então o método da gigante vermelha poderia ser
o desempate”, disse Freedman.
A
NASA está preparando uma missão que deve ser lançada na metade de 2020, o Wide
Field Infrared Survey Telescope (WFIRST), e esse instrumento pode finalmente
ser o desempate tão esperado para a taxa de expansão do universo.
O
telescópio WFIRST, com sua resolução semelhante à do Hubble e visão 100 vezes
maior do céu, irá permitir aos cientistas coletar novos e melhores dados sobre
supernovas, Cefeidas e gigantes vermelhas, potencialmente levando a medições
mais precisas das distâncias entre galáxias.
Revista
Científica The Astrophysical Journal.
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