Na Biografia individual Micael pode
ser considerado uma força arquetípica que impulsiona o nosso amadurecimento
anímico: é a coragem de viver, coragem de ser e coragem de reconhecer a essência
divina em nós.
Micael nos acompanha ao longo da
biografia, preparando o caminho para o adentrar na alma do Eu Superior. Em cada
fase da vida, Micael escolhe um semblante diferente e atua de forma
distinta.
Fase dos 21 aos 28 anos
O impulso micaélico está presente no
calor das emoções, despertando no íntimo a vontade de viver.
Nos mobilizamos em direção ao mundo
externo, e impulsionados pelas sensações; nos identificamos com o que está fora
de nós, nos apaixonamos a ponto de perder a identidade.
Buscamos um lugar no mundo, buscamos
reconhecimento. Assumimos papéis, e apesar de termos uma tremenda opinião
própria, os nossos pensamentos são, em grande parte inspirações do mundo
exterior.
Os altos e baixos da vida emocional,
típicos desta fase representam o dragão que temos que dominar. O Eu é um
equilibrista na corda bamba das nossas simpatias e antipatias; amamos sem
medidas e odiamos sem discernimento. Voamos às alturas quando recebemos um
elogio e despencamos para o fundo do poço ao ouvir uma
crítica.
Abrir mão de um ponto de vista
significa abrir mão de si mesmo.
O Eu vagueia nas sensações que o mundo
externo desencadeia na vida interna. Éxperimentamos o mundo, e atravessamos a
fase da vida em que a força micaélica reside nesta enorme abertura que temos
para o mundo. É o prazer de viver, de estarmos ainda, intimamente, ligados à
Criação. Somos parte do Todo e o céu é o nosso limite.
Fase dos 28 a 35 anos
Começa a luzir na alma o pensar
próprio. Aprendeu-se muito através dos altos e baixos da juventude. A relação
com o mundo externo é principalmente através da atividade intelectual autônoma –
a espada é a força intelectual.
Agora sim, sou eu que produzo meus
próprios pensamentos, sou eu quem pensa o mundo. Disseca-se a rosa para entender
sua perfeição, porém relega-se a beleza, perfume e essência da
flor.
A partir dos 28 anos, a vida é
planejada, as ações são estratégicas e os objetivos definidos. O lugar no mundo
precisa ser agora consolidado: família, profissão, bens materiais – o que
importa são resultados!
Aos 33 anos, alcançamos vitoriosos a
curva da vitalidade. Entretanto, transposto este Arco do Triunfo, uma
significativa batalha vem pela frente..
A “queda” no mundo material - própria
desta fase – fez com que internamente algo morresse. Valores antigos foram
postos de lado, muitos sentimentos foram ignorados, ideais de adolescência
ficaram enterrados nas profundezas da alma. A vivência desta morte pode, neste
momento, tornar-se insuportável.
O sentimento de estar enterrado vivo
no casamento, no emprego, nos compromissos é um parceiro constante. É comum
nesta época, perdas afetivas significativas ou doenças agudas. O sentir
encontra-se enclausurado pelo pensar dirigido tão só ao mundo físico
sensorial.
Este tipo de pensar racional,
representa o dragão, do qual temos que nos libertar. Ansiamos por liberdade e o
mundo frio de nosso pensar abstrato e lógico só poderá ser preenchido pelo calor
dos sentimentos qu, de um lado se manifestam–se como impotência, desalento, mas
por outro lado mostram-se como solidariedade, renovação da confiança, e da
esperança. Dentro da alma intelectual individualizada pode desabrochar pouco a
pouco uma qualidade de pensar amplo, vivo e criativo: a força micaélica liberta
o pensar da região da cabeça levando-o de volta ao coração.
Temos a chance de renascer – não sem
ter lutado muito.
Fase dos 35 aos 42
anos
Aqui, Micael começa a viver, como
força ativa, dentro da alma pensante. Começamos a enxergar o essencial no mundo
que nos rodeia e o pensar factual, conquistado nos bancos duros da universidade,
começa a se tornar, conhecimento espiritual. Começamos a vislumbrar que
cultivando este pensar criativo seremos orientados a respeito do caminho
individual a ser percorrido.
As percepções espirituais a respeito
de nós mesmos e das coisas que na juventude eram inspiradas das alturas são
reencontradas pelo livre querer, na vida interior. Adquirimos discernimento,
aprendemos a ler nas entrelinhas, aprendemos com os erros. Começamos a dar
ouvido à voz interna:
O que isso tem a ver comigo? É isso
que eu quero para mim? É este marido, esta mulher, este trabalho, esta qualidade
de vida?
Tudo o que anteriormente nos dava
sustentação tais como, reconhecimento, status, segurança material e afetiva,
começa a diminuir de importância . Almejamos a autonomia de ser, queremos fazer
nossas próprias escolhas. É insuportável viver como um autômato, preso na rotina
da vida.
A espada é a capacidade de agir
conscientemente. Entretanto, lidamos diariamente com o medo do desconhecido, da
solidão, das mudanças, medo dos outros. E sofremos com as contradições entre o
que nos tornamos, isto é, as caricaturas que encenamos, e o que em essência,
somos.
A crise da meia idade é uma crise de
autenticidade e faça chuva ou faça sol a nossa sombra nos acompanha. Nesta
sombra vive o dragão que guarda o limiar do nosso auto desenvolvimento e nos
cobra diariamente o que temos que transformar em nós. A força micaélica nesta
fase é a coragem que convoca o coração como órgão da vida, a ser fiel a si
mesmo.
Esta é uma fase na qual nos tornamos
bastante seletivos. Selecionamos pessoas, situações. Corremos o risco de cair no
egocentrismo. Se deixarmos de reconhecer o amor e apreciar a beleza e a verdade
que existem no mundo, a vida interior corre o risco de resssecar. Tornamo-nos
pessoas endurecidas, descrentes e preconceituosas. Se mantivermos acesa a chama
da veneração pelo ainda desconhecido, as forças vitais revivem continuamente
dentro da alma como pensamentos lúcidos e forças luminosas, de modo que podemos
nos referir ao nosso Eu interno como a um Sol Interior. Autoconsciência é
isso.
A etapa do desenvolvimento espiritual – Dos 42 aos 63 anos
Com a renascença uma nova era se
iniciou. E a humanidade como um todo cruzou o limiar para um novo estado de
consciência. As vivências e desafios descritas na fase anterior tornaram-se
epidêmicas.
Em meio a tantas imagens diárias de um
futuro ameaçador, anseia-se por uma direção espiritual que renove o entusiasmo
cotidiano pela existência. Atualmente assistimos a um verdadeiro renascimento
pela busca espiritual.
A partir dos 42 anos o conhecimento
que adquirimos ao longo da vida e que com todos os nossos esforços, dores e
alegrias, se tornou conhecimento próprio, pode ser de novo,
universalizado.
A sabedoria humana que é patrimônio de
todo indivíduo, pode ser uma ponte com o mundo espiritual. Podemos nos tornar
co-responsáveis com Micael pela evolução da humanidade. Isto nos dá a dimensão
da grandeza espiritual desta época da vida.
Simultaneamente aos cuidados que se
fazem necessários com a saúde, qualquer esforço no sentido do auto
desenvolvimento, contribui diretamente com o desenvolvimento da
humanidade.
Isto significa que não podemos abrir
mão do próprio desenvolvimento mesmo porque, as questões internas, nesta etapa
tornam-se ainda mais essenciais: qual é o sentido da minha vida, qual é
especificamente a minha missão, porque encontro-me nesta
situação?
Entre os passos para um desenvolvimento saudável nesta etapa da vida ,podemos considerar:
Entre 42 e 49 anos
O pensar pode se tornar um órgão que
enxerga a atuação das forças criativas no mundo.
Desenvolvemos uma visão global e
sensibilidade para o que é preciso ser feito. Podemos retomar valores que se
revestem de um novo significado e desenterrar ideais que dão à vida uma nova
razão de ser.
Entre 49 e 56 anos
O sentir pode nos transmitir aquela
certeza interior que não é abalada por nada. Se ouvirmos atentamente a voz do
coração, desenvolveremos um sentido de fazer o que é essencial e não nos
desgastarrmos querendo fazer tudo. Dispomos de um projeto de vida pessoal. Em
qualquer situação encontramos o lugar próprio.
A partir de 56 anos
Podemos transformar o nosso querer em
intuição. Isto não significa um sentimento vago sobre algo, mas sim conseguir
perceber claramente onde realmente, eu faço falta. É a força interior que me faz
reconhecer nas questões mais corriqueiras que eu sou um instrumento de elevadas
forças espirituais.
Esta etapa da biografia abarca a
essência da força micaélica.
A missão de Micael é ajudar o ser
humano a reconhecer e confirmar a atuação de seres espirituais na sua vida. O
preenchimento do destino humano é ao final da vida o renascimento espiritual de
seu ser.
E a comemoração anual de Micael é a
celebração do ideal mais antigo da evolução humana: o anseio pela fraternidade e
pelo amor que vivem no íntimo de cada ser humano.
Edna
Andrade
http://www.antroposofy.com.br/wordpress/a-atuacao-da-forca-micaelica-na-biografia-individual/
SIMPLESMENTE MARAVILHOSO
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